terça-feira, 31 de março de 2009

A semiótica da dança, a educação de pessoas especiais
e o Programa de Dança Experimental:
uma relação interdisciplinar
Caroline Konzen Castro (PRODAEX/UFMG)



Desde o momento em que descobri a arte da dança percebi o potencial transformativo que esta proporciona às pessoas, potencial este que pode chegar a ser filosofia de vida, na concepção de ser algo que nos guia e dá segurança para lutar por aquilo que é importante para a evolução dos seres humanos. Desde então entrei para a vida da dança por completo, mesmo sabendo que ela já estava em mim desde o meu primeiro dia de existencia. A partir daí me conscientizei de que existe uma linguagem universal, a linguagem corporal, latente em todos os seres humanos e que fala mais do que a linguagem que já conhecia, a verbal. Comecei a pesquisar sobre a linguagem da dança e pude constatar que, assim como a linguagem verbal, ela possui signos comunicativos próprios. Também constatei que não há apenas um caminho a ser trilhado na pesquisa científica da linguagem gestual, pois diferentes áreas do conhecimento podem e estudam a linguagem, dada a sua complexidade e as diversas possibilidades de interpretação. Há várias teorias, terminologias e/ou podemos dizer diferentes correntes do pensamento que permitem uma “infinitude de leituras” do mesmo objeto de estudo. Para o meu objeto de estudo, a dança, escolhi a teoria da semiótica francesa, pois tem o texto como objeto de significação e se preocupa em estudar os mecanismos que o engendram, que o constituem como um todo significativo.
A escolha da dança como representante de um sistema semiótico se explica pelo fato de ela transmitir mensagens significativas entre os seres humanos. Para esta linha semiótica a dança é considerada uma linguagem que produz textos cujo sentido pode ser recuperado por uma análise que utiliza os mesmos parâmetros que seriam utilizados na análise de um texto verbal, introduzindo o objeto no campo dos estudos da linguagem.
Também escolhi a dança para uma pesquisa de como esta seria a chave libertadora de bloqueios e transtornos psíquicos, educacionais e corporais em pessoas com necessidades especiais. É uma pesquisa sobre a integração do excepsional com o mundo e com o próximo através da recuperação e do equilíbrio por meio do movimento. A escolha da dança neste trabalho se explica pelo fato de ela despertar os potenciais adormecidos no corpo quando ele, ao mover-se, se expressa numa linguagem não-verbal. Essa revelação de si- no mundo vai produzindo, ostensivamente, mudanças positivas, não apenas corporais mas também psíquicas. Em meio a esse turbilhão de projetos a serem concretizados, surgiu a oportunidade de participar do Programa de Dança Experimental que faz parte da Extensão Universitária da EEFFTO/UFMG. Essa oportunidade única seria o princípio para a integração entre a pesquisa da semiótica da dança com a pesquisa do melhoramento da educação para pessoas portadoras de necessidades especiais, tendo como escopo um estudo minucioso da comunicação corporal.